'Cause I'm TNT, I'm dynamite. And I'll win the fight. I'm a power load. Watch me explode!
(T.N.T. - AC/DC)
Andava com seu salto agulha no asfalto molhado, levantando
poeira e sentindo o vento gelado cortar sua face. Sorriu, e sentiu-se inundada
por um poder que desconhecia. Seus cabelos voavam, coreografados, tal qual fogo
flamejante. Os olhos verdes cheios de uma
maldade cortante, a face pálida cheia de uma sujeira que deixava sua beleza
ainda mais excêntrica e ainda mais exuberante.
Resistiu ao pôr-do-sol. A noite lhe era convidativa.
Resistiu ao pôr-do-sol. A noite lhe era convidativa.
A lua
iluminava a noite com seu brilho sombrio, dando ares de mistério à cidade – a essa
hora praticamente mórbida. Uma lâmpada amarelada piscava. A garota parou, de
repente. Encarou a lâmpada como quem encara o próximo alvo e, sorrindo,
estendeu a mão aberta. Os dedos foram se contraindo lentamente, quando a mão se
fechou por inteiro a luz apagou de vez em um estalo. A gargalhada ecoou pela
rua deserta.
Assista-me explodir, pensou ela.
Foi ao
meio da rua, ajoelhou-se. Com as unhas incrivelmente polidas, rasgou a pele em
um arranhão. Usou o sangue para desenhar um círculo no chão.
A chuva
parou instantaneamente. Um relâmpago cortou o céu, estrondoso.
Sorriu
mais uma vez: o mundo veria seu poder. Ela estava de volta.
Era
como dinamite, estava prestes a explodir.
Queria
que as pessoas sentissem medo dela, gostava da sensação de estar no comando, no
poder da situação. Queria que cochichassem sobre ela nos cantos, sobre como era
má, sobre como era cruel. Queria fazer que sentissem na pele tal crueldade.
Ria: um riso sádico e cortante, com uma voz seca e sedutora. Mordeu os lábios
vermelhos, pensando no que faria a seguir. Deu um meio sorriso: faria tudo o
que quisesse.
Era
suja, má. Gostava disso. Gostava de se sentir imunda em relação aos outros: a bondade lhe enojava. Repelia-a todo tipo de bom sentimento. Ela queria ser má,
ela gostava do mundo obscuro que criou, onde se construiu, onde se reergueu.
Gostava da noite, da escuridão. Era negra por dentro: negra como a mais sombria
das noites. Gelada como a pior tempestade.
Assista-me explodir, pensou. Tenha medo de mim... Agora eu venho ainda
mais poderosa.
Com um
olhar, fez um hidrante explodir. Passou por ele normalmente, sem dar atenção ao
que tinha feito: podia mais.
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