Borboleta

O sol banhava de uma luz dourada o céu cálido da manhã, não havia nuvens, apenas um azul sem fim e penetrante. A brisa gélida batia suavemente no vestido leve de Elizabeth, ela sorria. Sentou-se na cadeira de balanço da avó e ficou lá, por horas. Indo e vindo; uma sutil expectadora da natureza que os cercava. Suspirou, maravilhada. Os pássaros cantavam por entre as árvores e sua melodia era a única coisa que a menina ouvia, fora o farfalhar das folhas ao debater-se com o vento manso. Inspirou o ar puro: cheirava à flores, à natureza e, mais do que tudo, à paz. O dia baseava-se simplesmente nisso: paz.
Uma borboleta. Era azul como o céu; verde como a grama; rosa como as flores; amarela como o vestido de Elizabeth. A borboleta era colorida. Era mansa, era paz. Pousou em sua mão, por incrível que pareça: esta é a verdade. A borboleta simplesmente pousou na delicada mão de Elizabeth. Pareceu completá-la com a paz que faltava para a sua alegria. Ela sorriu novamente e, desta vez, não sorriu somente com a boca: sorriu com os olhos, com o coração. E então recordou-se: havia um casulo embaixo da mesa de centro dias atrás.
Como uma lagarta, tão feia e nojenta, pôde tornar-se uma borboleta, tão linda e graciosa?, pensou. Ela sabia a resposta. Ela compreendeu. Elizabeth: a lagarta; quando começará a metamorfose? Quando Elizabeth se transformaria em borboleta e sairia por aí, espalhando suas cores e sua alegria? Quando? Já. Era hora de recomeçar. Trancou-se em seu casulo, meditou. Ficou por horas observando sua amiga, e então se transformou. Desse dia em diante, Elizabeth seria uma borboleta, espalharia a alegria por aí, espalharia cores, coloriria a vida. Ela entendeu que o unico requisito para isso era ser feliz. Amou-se, um sorriso eterno em seu rosto desenhou-se. Elizabeth era uma borboleta.

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