Resenha: Orgulho e Preconceito, de Jane Austen.


Jane Austen escancara a sociedade de sua época e a vida doméstica da mesma com uma escrita louvável e objetiva, isto é, indo direto ao ponto. Confesso que senti falta de floreios e descrições que, em minha opinião costumam dar vida a estas narrativas, principalmente quando são "de época". Nesse caso, porém, a magia não foi perdida. Antes de eu ler, li uma resenha que dizia que era uma narrativa de leitura um pouco complicada e demorada por conta de ser antigo. Que nada! Li em dois dias e muito bem lido, sem pular partes nem nada (coisa que eu confesso fazer com livros em que só o enredo me interessa e a escrita não é lá grande coisa). No caso do livro de Austen, entretanto, não é só o enredo que te prende, é também a escrita prática.
O que mais me chamou atenção foi a criação das personagens: muito bem construídas. Desde a mãe de uma amiga íntima da família principal até a própria protagonista: as personagens vão tomando forma bem a frente de seus olhos, de acordo com que você vai caminhando com a leitura, à partir de diálogos e da forma com que reagem às situações. Sem sombra de dúvidas, as personagens mais bem construídas são Elizabeth Bennet e Darcy. Não posso falar muito sobre isso para não acabar soltando spoilers, que não é a minha intenção, mas ambas as personalidades são fascinantes.
Os diálogos são também muito bem construídos e, também, muito práticos, indo direto ao ponto e ajudando muito na imagem que criamos das personagens ao longo do livro. É clara a influencia de artes teatrais de Jane Austen, pois, séculos depois, na adaptação para o cinema, as falas se encontravam praticamente prontas. Sem contar que são muito divertidas ao leitor, principalmente as conversas irônicas da protagonista com o seu pai e, mais ao fim do livro, com uma outra personagem sobre a qual também não pretendo falar para não soltar spoilers.
Não sei se era a intenção de Jane Austen ou não, sei que ao ler o livro o modo de viver da época ficou muito evidenciado e eu, particularmente, encontro na obra uma forma de mostrar a futilidade dessas vivencias. Apesar de Jane se manter neutra em relação a isso, é uma coisa que pelo menos ao meu ver fica muito evidente. A própria personalidade da protagonista e o modo dela de ver o amor mostra um pouco isso. (Por favor me corrijam se eu estiver errada).
Enfim, muita gente fala que tem vontade de ler. Pois bem, LEIAM! É um livro muito bem construído, com um enredo maravilhoso que te prende a ele desde a primeira página, cheio de ótimos diálogos, personagens cheias de personalidade, escrita exemplar, e tudo o mais que fazem dele um dos grandes clássicos da literatura. Vale muito a pena e é um desses livros que se devora, embora também se deguste.

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