Labirinto

Sinto-me encurralada, confusa, sem saída. A dor e a angústia me cercam e se aproximam cada vez mais, enquanto a minha esperança se acaba em lágrimas e as minhas forças já não existem. Eu consigo ver a luz no fim do túnel; sim, ela é bem nítida e brilhante, como uma chama que acalenta meu coração. Mas por mais que eu corra em busca dela, nunca a alcanço. Gostaria de saber o caminho para enfim encontrá-la, só que a trilha que sigo não me parece bem traçada e sinto que posso perder-me facilmente em meio a esse rio de lágrimas, dentro desse labirinto de idéias alheias, de dores, de rancores, de lembranças e de fantasias, que minha mente tornou-se. Passo noites a fio acordada pensando em como sair dessa encurralada e surpreendo-me pensando no fim e no começo dessa eterna trajetória em busca de algo que não sei bem ao certo o que é, mas que luto constantemente para achar. Como será a sensação de chegar finalmente a esplendorosa luz? Talvez ela me cegue os olhos e a alegria se resplandeça em meu coração. Mesmo estando ansiosa e determinada, a dor suga-me para o chão e prende meus pés, impedindo-me de andar.
Tenho plena consciência de que devo ser forte e corajosa; de que devo seguir a luz, sem olhar para traz; de que devo esquecer minhas dores, minha solidão; de que devo livrar-me desse orgulho fétido e ser mais humilde. Mas não se passa pela minha mente como fazê-lo. Ainda sou muito ignorante para sair desse labirinto de emoções. Sinto-me pequena em relação ao mundo e frágil demais em relação aos outros, mas será que essa é mais uma de minhas máscaras, mais um dos meus truques? Devo estar me saindo tão bem em minhas interpretações e fingimentos que agora sou capaz de enganar a mim mesma com minha frieza e dissimulação.
Vivo num corpo que não me pertence, pois não consigo compreendê-lo e nem à minha mente. Prefiro aquele outro mundo, o da fantasia, pois lá é tudo fantástico e belo. Esse sim me pertence, pois respiro fantasia a cada momento. Porém, não posso viver na fantasia, não posso deixar que ela embace meus olhos e faça-me inocente, pois a realidade é triste e cruel, nunca se cansa de mostrar-me do que é capaz e relembrar-me de que estou encurralada.

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