Fugindo ao comum

Aviso desde já: esse texto não será como os outros. Fugirá ao comum de vossa leitura nesta página, caro leitor. Sucede que cansei de explicar mil vezes o mesmo posicionamento e, cansada, resolvo explicá-lo ainda mais uma vez – escrevo. Será, portanto, a vez definitiva, eternizada pelo papel e pela tinta. Ainda que, já que vivo na era da tecnologia, se necessário for posso vir a acrescentar um ou outro aspecto que me falhou ou faltou na primeira argumentação.
Eis que meu tema é a legalização do aborto e minha tese é a favor. Nem por isso nego o direito da vida e a benção genuína que ela representa. Remendo-me com detalhes necessários para a compreensão do caro leitor: não sou a favor do aborto, mas, como já dito, de sua legalização.
Pensemos no contexto e logo compreenderemos minha defesa. O Brasil tem, em sua legislação, que o aborto é crime. Não é a toa que a mulher brasileira nada pode; não é a toa que uma em casa três brasileiras já sofreu um estupro; não é a toa que somos obrigadas a trocar de roupa para sair na rua se quisermos evitar sermos agredidas por olhares e palavras machistas; não é a toa que somos obrigadas a abaixar os olhos e engolir uma série de humilhações de gênero. Afinal, o país nega, em sua base política, o direito que a mulher deveria ter em relação ao próprio corpo – o direito de escolher quando, como e com quem deve ter um filho, e quando não deve.
É mais fácil – e mais bonito aos olhos dos moralistas e conservadores – criar uma bela Lei Maria da Penha. Não me calo e logo digo: vivemos em um país cheio de hipocrisias, e essa é apenas mais uma.

Sobre o aborto em si, a conversa é outra. É pessoal. Se uma amiga pedisse-me a opinião, seria essa: de que a vida tem de ser resguardada. De que a vida é linda. De que nada vem por acaso na nossa vida. Mas é pessoal e, ainda mais: subjetivo. O que não é nada subjetivo é o fato de que o país deveria dar à mulher esse direito – ou ao menos permiti-lo.

Um comentário:

  1. (Sei que não pediu minha opinião, rs)
    Também sou a favor da legalização, mediante punição penal. Porque tirar qualquer vida implica em homicídio, *-*.

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