O nascer da noite

As flores nascem com todo seu esplendor, borboletas fazem um ballet ao céu e pássaros sortidos fecham esse concerto com seu canto melodioso. Com toda a felicidade do mundo, eu passo por essa paisagem, feliz, alegre, saltitante. Vivendo num mundo cor-de-rosa: tudo a minha volta é alegria. Meus cabelos leves ao vento, meus pés descalços na grama úmida e, para finalizar a vista de uma menina feliz, um vestido leve me conduzindo nessa dança. Meu sorriso é mágico, meus olhos prendem a felicidade para si.
Parecia um sonho. Parecia tanto, que eu acordei. Acordei desse mundo de felicidade, desse mundo de magia. Percebi que toda essa alegria não era pra mim, não se encaixava na minha vida. A lua havia me avisado, eu já sabia que a noite chegaria. Eu já sabia que a primavera teria fim, era um fato. Como aquele velho ditado dizia, meu tombo foi aterrorizante, ainda é.
Agora é se contentar com o que sobrou desse tombo. Se contentar com uma vida normal, acomodada. Se contentar com uma vida de interior. Uma vida seca, sem sonhos, sem esperanças. Se contentar em viver todos os dias exatamente iguais. Se contentar em poder simplesmente viver, dormir, acordar e então, poder voltar a dormir. Mas cuidar para que nesse sono, não haja sonhos. Senão, acordar seria difícil. A partir de agora, só mais uma vida com objetivos comuns, estudos comuns, empregos comuns e dores comuns. Vou ser o que todos esperam que eu seja, nunca mais serei o que eu quero ser.

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